Porque esse nome?
" O Projeto
Escuta o Cheiro já deixou de ser “projeto” há muito tempo. Aliás, só foi “projeto”
por uns cinco minutos entre alguém dizer “Vamos fazer?!” e a hora que cada um
correu para um lado para buscar bumbo, feijão, toucinho, tomates, cuíca,
cavaco, cachaça, cadeiras, mesas, alho, cerveja, Clara Nunes, Cartola, açúcar, paio,
amendoim, saladas e voltaram com tudo isso e mais alguns amigos e um monte de
alegria.
E a coisa
vem crescendo todo mês, o que encheria o seu Jardel de orgulho.
Jardel de
Almeida era meu avô. Era um cara que gostava das coisas boas da vida. É dele
que vem o meu gene mais do que dominante da boemia. Adorava música boa, adorava
ter a grande família por perto (teve sete filhas!) e adorava cozinhar. Sentava
numa cadeira na beira do fogão, misturava tudo o que tinha na geladeira, fumava
como um fiadaputa e quando você
passava por perto, ele convidava, cheio de elegância: ô difunto, vem cá, escuta esse cheiro!
Se fosse
uma mulher (ou até mesmo uma das filhas), era “ô, viada, vem cá!”.
Seu Jardel
só cozinhava, não servia, mas garantia que o serviço de bordo era de primeira, no ponto, bem apimentado e farto.
E só há um critério de qualidade suficiente para a gastronomia jardeliana: a
comida quando boa de verdade tinha que estar de cagar pelado.
É, meu avô
não era muito fino. Mas era para lá de divertido."
Por: Felipe Tazzo, escritor, frequentador assíduo e, logicamente, neto do Jardel
www.felipetazzo.com.br