5 de novembro de 2010

De certo o tempero, de certo você conhece

por tatiana braga para o projeto escuta o cheiro


E aí gente bamba? Presidenta eleita, primavera com cara de verão, novembro é mês da conciência negra. O dia é 20 de novembro, aniversário de morte do Zumbi dos Palmares, que você já deve ter ouvido falar. Trata-se de um tempo pra refletir e valorizar o povo negro, de cor bonita e brilhante, e suas influências que contribuíram expressivamente na formação da nossa cultura. Então valoriza porque samba é coisa de negro, veio deles e branco faz com respeito, dente branco só negro tem e pele firme também. E que bom que misturou hein? Se a gente dependesse só da herança européia, a buniteza não seria lá muito um quesito brasuca. Quase todo mundo tem um pouco de negro graças a Deus! E não é só no samba, no batuque e na dança não. Nossa mesa esta repleta de influências e elas são bem das boas.
Banana, coco, pimenta malagueta, melância e abóbora são alimentos tipicamente africanos sim senhor! E veja você, a feijoada, defendida por muitos como um prato desenvolvido com as partes da carne desprezadas pelos senhores e preparado nas senzalas, é na verdade uma releitura de cozido português, ora pois! Mas calma que tem a pitadinha negra nessa história, e como tem. Um hábito que os luzos estranharam: mesclar salgados com frutas. Os negros comiam lombo com abacaxi e feijão-preto com laranja. Pronto, se a feijoada tem raízes europeias, a laranjinha que acompanha, a couve refogadinha e o tempero, porque eram as negras que comandavam o batuque na cozinha da sinhá, são obra da influência africana na culinária brasileira. A farofa também foi invencionisse delas. Como o sal era artigo de luxo, a pimenta assume o papel de realçar os sabores e pronto: a feijuca tá servida!
Mas e a banana Chiquita? Originária da Ásia, a banana seguiu rumo à África e foi partindo de lá que chegou aqui. Embora também o Brasil dispusesse de uma variedade nativa, de nome pacova, a fruta é a maior contribuição africana ao que a gente costuma comer.
Assim como o sal, o açúcar também era artigo de luxo. O hábito da sobremesa não é africano, mas eles deram um jeito de acrescentar algumas guloseimas à dieta, como a rapadura, a garapa e o melado. Os doces portugueses, ricos em ovos, eram reservados para a mesa da casa grande. Há um diga que a tradição portuguesa em utilizar principalmente as gemas nos doces vem da necessidade de clarificar o vinho com as claras. Faz sentido. Seja como for, no dia a dia, as sinhás, claro que com toda a ajuda das negras, faziam quitutes para serem vendidos nas ruas pelas mesmas negras que as ajudavam. Desse modo, as negras aprenderam a empregar o açúcar na culinária e nasciam os doces brasileiros: pé-de-moleque, cocada, pamonha, canjica, mingau e as compotas de frutas. Hummm...
Comida simples e bem combinada com tempero de negra. Diz aí? Continua sendo delicioso dar uma bela colherada em um doce de abóbora, ou se lembrar de que o prosaico pedaço de banana que acompanha um prato de comida, além de harmonizar perfeitamente com o arroz e feijão, tem uma história importante, sofrida e linda por trás!
Deu vontade? Cola aqui dia 21 que tem cozidos brasucas: feijuca e galinhada pra apreciar!

cobra na roda, não é mentira
O Casa Caiada recebe nesta edição #26 o querido amigo Ido Luiz. Ido é bamba de Campinas e tem faz um caminho bonito que só! É diretor musical do bloco carnavalesco, sem dúvida o mais tradicional da cidade, Tomá na Banda e atualmente comanda o Projeto Cobra Criada- Roda de Samba de Raiz, na sede o IAPI na Vila Teixeira toda sexta a partir das 19h. Já te falei de lá. É no mesmo lugar em que rolam os encontros do Pagode da Vó Tiana todo segundo domingo do mês. Vale a pena conferir! O encontro conta com a presença espontânea e agradável de sambistas da cidade e da região e é uma excelente alternativa pra quem gosta de prestigiar o bom sambado mesmo jeito que aqui: a vontade em volta da roda!
O envolvimento de Ido Luiz com a música vem desde a infância.
Músico, compositor, professor e produtor, prefere assumidamente o samba, mas como bom curioso que é, admira e passeia com competência e bom gosto pela MPB, a bossa nova, o baião, as marchinhas, as baladas, o samba rock, ritmos que fazem parte da sua vivência, os quais ele veste com a sua bonita interpretação. Os inseparáveis companheiros: cavaquinho e violão que o digam!
Sinta-se absolutamente convidado pra conhecer este sujeito bacana e curtir a tarde de samba com ele e com a gente, é claro!
Esperamos você naquele mesmo pique! Dia 21, a partir do meio dia. Chega aí e quando der cola lá!

3 comentários:

  1. Com o Maior Prazer estarei nesse maravilhoso projeto, onde o samba é o prato da casa, feito com um tempero especial, amor e carinho. A corrente do samba é muito forte e acredito o projeto Escuta o Cheiro contribui e muito para o engrandecimento dessa corrente, estamos juntos nesse elo de irmãdade, aos amigos do Casa Caiada, sucesso sempre e dia 21 estaremos eu e seu Zé, nessa farra maravilhosa...O samba já não foi...só é!!!!

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  2. quero ficar informado desse projeto abracos dawi lopez dawilopezsilva@hotmail.com

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  3. Obrigada pelo interesse Dawi. Cadastraremos seu e-mail e em breve vc receberá as infos sobre a próxima edição.
    abracinhos,
    tatiana.

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